A compreensão da história do lugar, da Alhambra e dos jardins del Carmen de los Catalanes, e seus períodos de dominação Árabe norteiam o projeto em mesma medida que a natureza do espaço.

A primeira intenção é não perturbar a paisagem original, mas adicionar a ela mais uma camada de experiência. Em um lugar com tantas capas de história a única abordagem possível seria a tentativa de materializar os rituais sedimentados na cultura e na natureza dos jardins. A influência do movimento vem não só do flamenco de Maria Pagés e dos caminhos, pátios e espelhos d’água medievais como também da ideia de dança como dimensão ritualística da vida.

Pensou-se então em um edifício com caráter quase arqueológico, que se dá no limiar entre a topografia auxiliar e a escavação. Que espelha as torres Bermejas e as próprias muralhas da Alhambra em sua condição monolítica.

As estratégias que trouxeram a tona o projeto então foram escavar, por influência da leitura da topografia e dos silos de alhambra, e delimitar novo perímetro de circulação, pensando no edifício como percurso.

Buscou-se que as aberturas contínuas e a possibilidade de entradas diversas conferissem uma identidade participativa na paisagem, para além de sua mímese com as construções de outros tempos que faz alusão à transitoriedade, a uma paisagem evolutiva.

A ideia de um pátio escavado nos moldes das masmorras Nazaries, silos e jardins árabes conduziu o grande salão de dança a ser simultaneamente um volume e uma escavação, o interior de uma fortaleza e um espaço público acessível.

Centro coreográfico Maria Pagés

Granada, Espanha

2021

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